O BISCOITO GLOBO NASCEU MESMO NO RIO?
- Vinícius De Lauri Ribeiro
- 6 de abr.
- 2 min de leitura
O Biscoito Globo nasceu no Ipiranga — e a maioria das pessoas nem desconfia
Muito antes de virar símbolo das praias cariocas, o Biscoito Globo foi criado por três irmãos em uma padaria do Ipiranga. A história é real, tem provas, e reforça mais uma vez como o bairro tem uma conexão surpreendente com o cotidiano do Brasil.
Você já deve ter ouvido o famoso grito “Olha o mate! Olha o Globo!” ecoando pelas areias do Rio de Janeiro. Mas o que quase ninguém sabe é que esse ícone da cultura carioca tem sotaque paulistano — e foi inventado no bairro do Ipiranga.
A história começa nos anos 1950, quando os irmãos Milton, Mário e João Ponce, filhos de imigrantes espanhóis, vieram do interior paulista e se estabeleceram no Ipiranga. Foi lá, em uma padaria chamada Padaria Record, que funcionava na Rua Cipriano Barata, que os três começaram a testar receitas de biscoito de polvilho. A inspiração veio de um fornecedor mineiro que entregava o polvilho usado na produção dos pães.

Depois de alguns testes de forno, nasceu uma receita leve, crocante e muito diferente do que se via na época. A aceitação dos clientes foi imediata — e os irmãos decidiram dar um passo maior.
Em 1955, com a realização do Congresso Eucarístico Internacional no Rio de Janeiro, os irmãos viram a oportunidade perfeita de apresentar o biscoito para um novo público. Eles embarcaram para a cidade com a ideia de fazer uma ação pontual — mas o sucesso nas vendas foi tão grande que acabaram ficando por lá. Foi no Rio que fundaram a Panificação Mandarino, empresa responsável pela produção oficial do Biscoito Globo até hoje.
O nome “Globo” veio da padaria carioca onde assaram as primeiras fornadas no Rio — a Padaria Globo, em Botafogo. E foi também no Rio que o biscoito ganhou sua embalagem icônica com monumentos do mundo e a fama que o tornaria símbolo das praias cariocas.
A partir dos anos 1960, a distribuição passou a focar nas praias. A sacada foi simples e genial: vender o produto nas areias, onde não havia muitas opções de lanche. A leveza do biscoito e a facilidade de transporte fizeram dele o par perfeito para o chá mate gelado. Assim surgiu a dupla mais emblemática do verão carioca: Globo e mate.
E a fábrica? Continua pequena e familiar, instalada até hoje em um prédio discreto na Rua do Senado, no centro do Rio de Janeiro. O biscoito de polvilho segue sendo o único produto da marca — feito de forma quase artesanal, com poucos ingredientes e muito apelo emocional.
Já a padaria do Ipiranga, onde tudo começou, não existe mais. Mas a história ficou — e ajuda a contar mais um capítulo inusitado da nossa São Paulo e desse bairro que não cansa de surpreender.
Porque o Ipiranga é assim: pode até não estampar na embalagem, mas tá sempre presente nas histórias que o Brasil leva no coração — ou na bolsa de praia.
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