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Quando o Ipiranga Foi Bombardeado: O Conflito que Devastou São Paulo em 1924

  • Foto do escritor: Vinícius De Lauri Ribeiro
    Vinícius De Lauri Ribeiro
  • 25 de fev.
  • 2 min de leitura

A Revolta Paulista de 1924 e os dias de terror vividos no bairro:


Em julho de 1924, as ruas do Ipiranga foram palco de um dos episódios mais violentos da história de São Paulo. O bairro, conhecido por seu papel na Independência do Brasil, dessa vez não viu proclamada a liberdade, mas sim o caos e a destruição. Casas foram atingidas por bombas, famílias fugiram desesperadas e soldados tomaram a cidade em uma batalha que durou 23 dias.


O que levou a esse cenário de guerra dentro da capital paulista? Quem eram os rebeldes? E por que o Ipiranga, um bairro operário e industrial, foi diretamente afetado?


Grupo de soldados posando com bandeira – Domínio público
Grupo de soldados posando com bandeira – Domínio público

O que foi a Revolta Paulista de 1924?


A Revolta de 1924 foi um movimento militar liderado por oficiais conhecidos como tenentes, insatisfeitos com o governo do então presidente Artur Bernardes. Inspirados por ideais modernizadores e republicanos, os revoltosos queriam acabar com a corrupção, melhorar as condições de trabalho dos militares e estabelecer uma nova ordem política no Brasil.


O levante começou no dia 5 de julho de 1924, com ataques coordenados ao centro de São Paulo e à região industrial. Os tenentes tomaram a cidade rapidamente, mas a resposta do governo foi brutal: o exército federal ordenou bombardeios aéreos e de artilharia contra a própria população.


O Ipiranga no fogo cruzado


Na época, o Ipiranga era um bairro predominantemente operário, com fábricas, residências modestas e uma infraestrutura crescente. A revolta tomou grandes proporções, e o bairro acabou sendo fortemente impactado pelos ataques do governo.


As bombas não tinham alvos cirúrgicos – caíam sobre fábricas, igrejas e casas. Moradores, que nada tinham a ver com o conflito, viram suas vidas virarem pó em questão de minutos.


Além da destruição material, o Ipiranga foi palco de deslocamentos forçados: milhares de famílias fugiram para o interior do estado, deixando para trás suas casas, seus empregos e suas histórias.


O legado da destruição


Ao final da revolta, em 28 de julho de 1924, os tenentes foram derrotados e forçados a fugir para o interior do Brasil, onde mais tarde dariam início à famosa Coluna Prestes. Mas São Paulo ficou devastada: 500 a 1.000 mortos, milhares de feridos e 20.000 pessoas desabrigadas.


Os relatos da época descrevem um bairro irreconhecível. Algumas áreas só foram reconstruídas anos depois, e muitas famílias jamais retornaram.


Memórias apagadas?


Curiosamente, a Revolta Paulista de 1924 não é tão lembrada quanto outros eventos históricos. Enquanto a Independência do Brasil no Ipiranga é exaltada, os bombardeios que atingiram o bairro caíram no esquecimento para muitos.


Foto de rua bombardeada – Gustavo Prugner / Acervo IMS
Foto de rua bombardeada – Gustavo Prugner / Acervo IMS

As fotos da época, muitas delas tiradas pelo fotógrafo Gustavo Prugner, são algumas das poucas provas visuais da destruição. Hoje, são parte do acervo do Instituto Moreira Salles (IMS) e de outros registros históricos.

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